Entrevista: Mônica Veloso e a natação paraolímpica

31-05-2012 07:00

M.O - Quais atletas paraolímpicos irão competir em Londres 2012?

Mônica - Verônica Almeida faz parte da equipe de natação da ABAD, mas quem treina ela é Rogério Arapiraca. Por enquanto só ela está integrada.

 

M.O - Quais atletas têm chances de garantir vaga na competição?

Mônica - Somente Verônica e Marcelo Collet

 

M.O - Atualmente onde vocês estão treinando em salvador?

Mônica - Depois da destruição da piscina da Fonte Nova, nossos atletas estão divididos. Muitos desistiram, mas temos seis ainda no CEPE ( Clube dos Empregados da Petrobrás), um  no Yatch Club, dois no ICEIA e dois no clube Costa Verde. Os competidores do atletismo treinam na rua mesmo e na praia.

 

M.O - Fala um pouco sobre as categorias que serão disputadas nas Paraolímpiadas? A s1, s2 e a s3, por exemplo.

 

Mônica - S - vem da palavra swimmer (nadador), e a numeração depende do grau de comprometimento físico. s1 é o mais comprometido e s10, o menos comprometido. O número serve para classificar cada para-atleta de acordo com a sua deficiência e para que eles possam competir com igualdade.

M.O - Como você se sente tendo esta responsabilidade de treinar a equipe?

Mônica - Embora eu não treine diretamente a equipe, eu me sinto muito responsável por eles e me preocupo com a situação da falta de centros esportivos.

 

M.O Quais dificuldades e problemas enfrentados para competir no evento?

 

Mônica – Os treinos, o transporte, a falta de passagens, a falta de recursos para suplementação, etc. A Associação Baiana de Atletas Deficientes não tem recursos próprios.

M.O - Quem irá arcar com os gastos de passagens e hospedagens? O governo ajuda vocês?

Mônica - Quem está na seleção, o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) assume tudo. Nos outros casos, a Sudesb tem comprado as passagens para quem não tem patrocínio. Vão de avião ou de ônibus e, muitas vezes, alugam um ônibus só para toda a equipe. A hospedagem fica a cargo de cada um. Nos campeonatos regionais a hospedagem é pelo comitê, mas só para quem conseguiu 35% do índice do regional. Podemos levar quantos atletas quisermos, mas quem não tem esse índice tem que pagar a hospedagem e alimentação por fora e isso é muito difícil.

 

M.O - Como fica a questão de patrocínios? Há empresários interessados na causa?

Mônica - Os patrocínios são difíceis e só quem entra nos programas FazAtleta, Bolsa Esporte e Bolsa Atleta são os 3 primeiros atletas do ranking. No caso da Bolsa Esporte, da Subesb, há uma categoria bolsa social, bem baixa, mas muitas vezes as federações não querem fazer as indicações, principalmente a FBDA (Federação Baiana de Desportos Aquáticos). A mais flexível é a de atletismo.

 

M.O - Você é uma atleta renomada e com destaque internacional. Qual o segredo ou o maior ensinamento que você tenta passar para os seus atletas?

 

Mônica- Disciplina e, principalmente, determinação. Eu, por exemplo, nado com sol, chuva ou relâmpago todos os dias, por duas horas. Isso não depende de dinheiro. Também faço Pilates e Massoterapia, que claro, me ajudam bastante, mas tem um custo. Os atletas precisam aprender ainda que se treina continuamente e não apenas quando as provas estão próximas. A falta de piscina e um técnico fixo também dificultam. Eu procuro passar que eu continuo ganhando mesmo aos 53 anos, porque a natação é minha prioridade. Precisamos estabelecer prioridades, os problemas sempre existirão, mas você tem que pensar: como posso me superar? Treinando e buscando meu lugar na sociedade através do esporte.